

A sommelière Daniella Romano falou com a Pró-Vinho sobre sua carreira, sobre a região de Lisboa, que acabou de visitar, e sugeriu cinco vinhos de diferentes países, até R$ 100.
Daniella Romano é sommelière e analista sensorial e atua no mercado de vinhos, gastronomia e viagens. Apresenta programas de TV como Rota do Vinho e escreve para o Clube Paladar – clube de vinhos formado pelo jornal O Estado de S. Paulo e a importadora Grand Cru.
Fundadora e curadora das feiras Wine Day e Champagne Day Brasil, criou o guia Selo 7 Sommeliers. É proprietária da Casa da Travessa, espaço de eventos, e coordena o projeto de inclusão social “Ver o Vinho”, para formação de cegos.
O que mais encanta no mundo do vinho?
A grande diversidade. O mundo do vinho abrange muitos assuntos, de geografia e história, até política e economia, e para conhecer o mercado é preciso estudar tudo isso. Mas o que mais me encanta é a história que cada garrafa nos conta. O vinho é um alimento vivo, em constante evolução e ao degustá-lo, podemos perceber detalhes importantes sobre sua produção. Quando provamos um vinho que gostamos, sentimos um prazer imediato, que guardamos na memória para sempre.
Que conselhos você daria para quem está começando?
Que prove vários rótulos, não tenha medo de arriscar, conheça novas uvas, novos terroirs e estilos. Essa ainda é a melhor maneira de aprender sobre a bebida. E se gostar da “brincadeira”, procure um curso para aprofundar seu conhecimento. O vinho é um tema inesgotável e nos cursos é possível aprender algumas dicas que irão melhorar sua compreensão e o ajudarão a conhecer melhor os rótulos degustados. Mesmo nós, profissionais, estamos sempre aprendendo, e com certeza essa é a beleza dessa bebida mágica que encanta tantas pessoas mundo afora.
Quinta de São Sebastião, em Arruda dos Vinhos, na região de Lisboa
Alguma descoberta recente?
Estive em Portugal a convite de CVR Lisboa para conhecer os vinhos regionais de Lisboa e descobri uma D.O.C, a Carcavelos, que produz vinhos fortificados a partir de uvas brancas em sua grande maioria. Uma região bem próxima do mar, que foi demarcada pelo Marques de Pombal. Fiquei encantada, complexos, elegantes, muito aromáticos e uma produção muito reduzida, fazem destes vinhos um tesouro. Aliás, vale a dica, essa região é espetacular, bons vinhos, boa comida, adegas bonitas e bem estruturadas. Se estiver planejando uma viagem a Portugal, não deixe de incluir uma visita à região. Pertinho de Lisboa, dá para ir e voltar no mesmo dia ou ficar nos hotéis-butique espalhados pelos arredores, curtindo boas taças.
Fale um pouco sobre seu trabalho com os deficientes visuais.
Esse trabalho é muito importante na minha vida. Em 2010, eu desenvolvi um curso de análise sensorial de vinhos e bebidas para deficientes visuais. Quando comecei, não existia nenhuma referência sobre o tema, então foi um trabalho que exigiu muita sensibilidade e criatividade, todo o material didático utilizado em classe e o método aplicado foram sendo desenvolvidos por mim, durante as aulas a partir do feedback que recebia deles. Observando as dificuldades que eles tinham, eu tentava criar soluções e trazia o material para eles testarem e assim, com tentativa e erro, fui criando os materiais que os ajudaram e ainda ajudam a aprender sobre a bebida. Mas o principal objetivo foi criar oportunidade de inclusão social e acessibilidade para os deficientes visuais. Depois de mais de 10 anos investindo na ideia, o projeto abriu portas e cabeças e hoje tenho muito orgulho quando encontro meus alunos em feiras e degustações.
Quais suas regiões vinícolas favoritas?
São tantas! A Borgonha é uma grande região sem dúvida. Como é possível criar tanta diversidade em terroirs tão próximos? Adoro os Chardonnays cremosos e longevos e os Pinots Noirs complexos, com acidez marcada. Eu não conhecia muito sobre a Borgonha e decidi ir para lá fazer uma especialização. A oportunidade de conhecer de perto a região e seus vinhos, conhecer alguns produtores locais e capturar sua essência, mudou minha relação com eles e tenho uma enorme admiração pela região e amor por seus vinhos. Os italianos da belíssima e montanhosa região do Trentino Alto Adige também são um caso de amor. Ao conhecer a região, saber das dificuldades do produtores para alcançar os resultados, provar seus vinhos, é impossível ficar indiferente – vinhos super elegantes, de longa guarda, minerais e pouco conhecidos, mas deliciosos.
Daniella Romano na Quinta da Boa Vista, Douro, Portugal
Confira, a seguir, 5 rótulos de diferentes regiões sugeridos por Daniella Romano, com preços de até R$ 100:
• Quinta da Covela Edição Nacional Arinto – Vinho Verde, Portugal – Winebrands
• Clearwater Cove Sauvignon Blanc – Nova Zelândia – Domno
• Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon – Chile – Distribuído pela VCT Brasil e encontrado em várias lojas e empórios
• Luccarelli Primitivo Puglia IGP – Puglia, Itália – Casa Flora
• Ventisquero Rosé – Chile – Cantu Importadora