

Você sabe o que os orgânicos e biodinâmicos têm em comum? Ambos são produzidos de forma a manter o meio ambiente saudável, mas há diferenças entre eles
A preocupação como meio ambiente é cada vez maior, e os viticultores estão bastante ligados neste assunto. Em países como o Uruguai, por exemplo, muitos viticultores adotam a agricultura sustentável. O mesmo acontece no Chile e na Nova Zelândia, especialmente em Central Otago, onde há muitos viticultores orgânicos e biodinâmicos.
Recentemente, uma edição especial da revista La Revue du Vin de France dedicou várias páginas aos vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais. Em uma das matérias sobre orgânicos, a revista informa que “nos últimos cinco anos, o volume de garrafas de vinho ‘bio’ na França cresceu 276%”, devido à forte demanda por produtos que respeitem o meio ambiente.
A diferença entre orgânico e biodinâmico
Para produzir os vinhos orgânicos (ou biológicos, como em outros idiomas, razão da palavra Bio no rótulo), os produtores não utilizam produtos químicos nos vinhedos, mas a prática biodinâmica é mais complexa.
O artigo “De onde vem a biodinâmica”, da citada revista francesa, mostra que este método vai além das questões agrícolas e envolve um pensamento complexo inspirado na antroposofia, criada pelo austríaco Rudolf Steiner. Entre as práticas usadas pelos viticultores estão o uso de compostagem, a dinamização (como na homeopatia) e o uso do calendário lunar.
A revista francesa traz ainda uma interessante entrevista com o produtor biodinâmico Olivier Humbrecht, da Zind-Humbrecht, renomada vinícola da Alsácia, França. Segundo ele, que desde 2002 é presidente da Biodyvin (sindicato que reúne viticultores biodinâmicos), a biodinâmica é uma prática agrícola que visa criar um ambiente harmonioso para todos os elementos que vivem nele, do solo ao homem, passando pelas plantas e pelos animais.
E o sabor do vinho? Nota-se a diferença? Segundo Olivier Humbrecht, “Há uma forma de prazer imediato nos bons vinhos biodinâmicos… e há a mineralidade…” Para ele, o equilíbrio e a salivação (sensação que vem do frescor do vinho) são as duas grandes “assinaturas” dos bons biodinâmicos. E completa: “Não se pode ter essas condições a não ser em um solo vivo.”.
Foto: Vinhedos do Domaine Huet, produtor biodinâmico do Vale do Loire.
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O problema no mercado é o preconceito que orgânicos e biodinâmicos “não são bons” – e em verdade, o fato que sejam produzidos organicamente ou biodinamicamente não é uma garantia de qualidade em si. Vinhos “clássicos” (i.e. produzidos com agrotóxicos e com químicas na adega que vão ajudar criar as caraterísticas desejadas – como goma arábica para fazer o vinho mais macio) podem agradar mais facilmente. Encontrar vinhos top biodinâmicos ou orgânicos talvez não é fácil (ou, como Romanée Conti e Pontet Canet não são para todos bolsos). Tem algumas importadoras, como a VINDAME, que importam exclusivamente vinhos feitos sem agrotóxicos nos vinhedos e sem químicas na adega; alguns deles são certificados mas não todos. O que importa é a filosofia do viticultor. Como contou um produtor: Pergunta do fiscal (do órgão que certifica “orgânico”): “O que está usando para produzir seus vinhos?” Resposta: “Uvas. Nada mais.” É isso.
Agradecemos o seu comentário, que é bastante pertinente. É uma pena que no Brasil estes vinhos sejam pouco acessíveis pelo preço, mas acreditamos que é importar divulgar.