O argentino Germán Bergondo trabalha como sommelier em um dos lugares mais bonitos do Brasil, o Ponta dos Ganchos Resort. Veja suas dicas!
Nascido em Buenos Aires, Germán Bergondo (36 anos ) vive no Brasil desde 2013. Formado em economia e administração de empresas, entrou para a hotelaria em 2014. “Após um percurso de bastante aprendizado e envolvimento com o assunto, por meio de viagens, contatos com especialistas e a prática do dia a dia, me tornei sommelier do Ponta dos Ganchos (SC)”, conta. A seguir, algumas de suas impressões sobre o fascinante mundo do vinho.
O que motivou você a seguir a carreira de sommelier?
Sempre fui muito curioso pelo mundo dos vinhos, mas nunca havia me aprofundado de fato no assunto. Já tinha participado de algumas degustações e feito alguns cursos em Buenos Aires, mas nada voltado ao profissional. Foi no Ponta dos Ganchos, em 2014, que senti o real interesse em seguir de uma forma mais profissionalizada com os vinhos. A partir daí, fui buscar conhecimento através de profissionais especializados, além de ter tido todo apoio do hotel. Iniciei como trainee na área e segui meus estudos para então me tornar o sommelier do hotel, como atuo hoje.
Cenário paradisíaco de Ponta dos Ganchos
O que você acha do serviço do vinho no Brasil?
No Brasil, infelizmente, ainda existe um vácuo para a capacitação de qualidade e o acesso aos cursos de formação e carreira. Mas ainda assim, através de cursos on-line e degustações ao vivo, é possível estar em contato com sommeliers e especialistas da área, o que pode agregar mais experiência para o dia a dia.
Como você define a carta de vinhos do Ponta dos Ganchos?
A nossa carta é ampla, com rótulos do Velho e Novo Mundo, e acompanha a proposta gastronômica do chef José Nero, mestre em criações sensoriais e de muitos sabores. Além disso, inclui rótulos nacionais locais, que julgo terem um padrão muito considerável. O Brasil tem bons rótulos. Também temos o vinho Ponta dos Ganchos, um tinto exclusivo, desenvolvido e produzido na Toscana, pela Fattoria Lavacchio. Um super toscano orgânico, com certificação, composto por Merlot (60%) e Syrah (40%). Hoje já estamos em nossa segunda safra (2012), das quais foram feitas somente 508 garrafas.
A carta de vinhos do Ponta dos Ganchos é ampla e acompanha a proposta gastronômica do chef José Nero
Quais são as preferências dos seus clientes?
As preferências são das mais variadas e a ideia de nossa carta é essa. Porém, o grande foco ainda está nos vinhos da América do Sul e Europa. Para aqueles que estão abertos a sugestões, eu gosto bastante de apresentar novas oportunidades de degustação. Temos na carta excelentes rótulos de pequenos produtores, que não são “famosos”, porém são produtos de altíssima qualidade. Alguns desses orgânicos, naturais ou biodinâmicos.
Na carta do Ponta dos Ganchos, um super toscano orgânico exclusivo para o resort
Poderia falar, em poucas linhas, como é o consumo de vinho em Santa Catarina?
Particularmente forte em vinhos que são produzidos dentro do próprio Estado, já que alguns deles chamam a atenção pela qualidade e identidade própria. Na sequência, os vinhos chilenos, argentinos, portugueses e franceses, para a maioria dos gostos.
Quais as suas regiões vinícolas favoritas?
Ótima pergunta! Eu sou suspeito, mas não poderia deixar de apontar a região de Mendoza. Porém, temos vinhos da Patagônia (tanto argentina, quanto chilena), que vêm se mostrando ao mundo e marcando presença. Toscana merece um lugar em minha adega, sempre! Borgonha é “o patamar” em tradição e qualidade herdada para o mundo todo. Bordeaux é sinônimo de estilo e charme. Jura e Priorato sempre estão por perto. Tenho um favoritismo pessoal pelos Pinots Noirs do Oregon, nos Estados Unidos, e de Central Otago, na Nova Zelândia. E por último, mas não menos importante, não posso deixar de mencionar como uma boa opção para o dia a dia os brancos de Rías Baixas e os Vinhos Verdes.
Que vinhos menos comuns você poderia indicar para nossos leitores?
Hoje, particularmente, me encontro degustando vinhos de Jerez, espumantes do Novo Mundo e sempre de olho nos brasileiros. Vinhos âmbar ou laranjas naturais, também. Tentando redescobrir os vinhos da Austrália e degustando dia a dia, junto ao nossos hóspedes, aquelas pérolas que sempre dão gosto de compartilhar o momento e conversar a respeito.